Considero “A Missão”, drama direcionado por Roland Joffé na década de 80, uma ótima representação da realidade observada no século XVIII. O filme retrata a época de colonização dos povos europeus nas terras [maioritariamente] americanas, mais propriamente no ano de 1750.
A longa-metragem inicia-se com o relato da morte de um sacerdote, sendo esta causada pelos indígenas; diz-se que o fim da sua vida levou à entrada de Deus nas suas tribos, esta por parte de 3 jesuítas (entre os quais um se destacou na salvação dos índios). No decorrer da história observam-se diversas reviravoltas, tais como um pecador que se converte em Cristão e um aniquilador que se dedica à salvação. O objetivo principal dos jesuítas centrava-se inicialmente na conversão dos indígenas e na proliferação da palavra de Deus; esta perspetiva, no entanto, não era apoiada pelos monarcas, cuja razão lhes cegava o coração e abria os olhos à escravização de tais seres humanos, que por eles eram considerados meros animais. Ao longo do filme observa-se este confronto incessante entre o amor e a razão, por causa de meros interesses políticos e económicos (a expansão do território e o aumento da riqueza) com uma moral incrível: ainda que os nossos erros não possam ser eliminados, podem ser ofuscados pela luz das nossas virtudes e correções; todos os caminhos que escolhermos levam a um determinado acontecimento (ora bom, ora mau), logo optemos por escolher o melhor.
Como já mencionei anteriormente, “A Missão” é a descrição da desigualdade e da renegação dos direitos humanos, uma questão muito debatida nos dias de hoje. Considero que nesse aspeto (ao nível da escravidão) o ser humano melhorou significativamente e por isso discordo totalmente com a atuação da monarquia (e a própria igreja) contra a propagação do amor. Robert de Niro, Jeremy Irons e Liam Neeson representaram esplendidamente os seus papéis e penso que conseguiram espalhar a sua mensagem plenamente na pele dos três jesuítas.
Para concluir, devo dizer que recomendo a visualização deste filme pelo que nos abre os olhos e os corações às singelas populações que sofrem com a desigualdade; a adicionar, observamos que não está tudo perdido e que no meio de espingardas, espadas, canhões e flechas, ou seja, no meio das trevas, da escuridão, há alguém que faz a diferença [e um feixe de luz é capaz de iluminar uma sala inteira!]. Termino, então, com uma frase do filme que teve um belo significado, para mim: “A luz brilha na escuridão, e a escuridão não vencerá”.
Cláudio Machado, 11.º CT4
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