O Prémio Nobel da Literatura foi esta quinta-feira atribuído em Estocolmo à bielorrussa Svetlana Alexievich, autora de livros sobre as mulheres na II Guerra, os soldados soviéticos mortos no Afeganistão, as consequências do acidente nuclear de Chernobyl ou a criação e sobrevivência do Homo sovieticus.
Na sua obra, a polifonia elogiada pela Academia Sueca traduz-se na forma como a jornalista dá voz a centenas de testemunhos, homens e mulheres protagonistas anónimos da história, a favor ou contra um regime.
«Não estou preparada para julgar como politóloga ou como economista. Queria simplesmente organizar todo esse caos. A sociedade desintegrou-se, atomizou-se, uma grande quantidade de ideias trabalham neste espaço. A minha tarefa era escolher as principais direções das correntes enérgicas da vida, dar-lhes uma forma literária, fazer isso com arte.
Queria que cada qual gritasse a sua verdade. Deixei falar toda a gente: os carrascos e as vítimas. Estamos habituados a sentir-nos uma sociedade de vítimas. Mas a mim sempre me interessou porque é que os carrascos estão calados? Porque é que o bem e o mal se igualaram?».
Svetlana Alexievich
Só há um livro de Svetlana Aleksievich publicado em Portugal. Trata-se de "O Fim do Homem Soviético – Um Tempo de Desencanto", publicado em abril deste ano pela Porto Editora.
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