quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Gil Peixoto expõe no Café Bar

 Exposição - Café quotidiano




Será inaugurada, no dia 2 de fevereiro, no Café Bar, pelas 17 horas, a exposição «Café quotidiano» do aluno do 12.º ano,  da turma de Artes Visuais, Gil PeixotoEste jovem e promissor artista desvendou um pouco da sua exposição/inspiração: 


«Desde há muito tempo, artistas tentam representar a rotina quotidiana das pessoas nas suas obras e transformá-la em algo de significativo e belo. Isso inspirou-me e decidi tentar fazer o mesmo usando como tema a cidade de Amarante, mais concretamente o famoso Café Bar .»

Pintar a rotina - eternizando-a e elevando-a à categoria de objeto estético-, não constituirá o desafio maior do Artista?


Nota: A BE publicará, brevemente, uma entrevista com Gil Peixoto.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Sabes quem foi Amadeo de Souza-Cardoso?



Amadeo de Souza Cardoso, natural de Manhufe (Amarante), pertenceu à primeira geração de pintores modernistas portugueses, destacando-se de todos os outros pela qualidade inigualável da sua obra e ligações internacionais.
Partiu para Paris em 1906, quando tinha 19 anos, para terminar os estudos de arquitectura, iniciados em Lisboa. O meio artístico na capital francesa não passava despercebido e acabou por levar Amadeo ao desenho e caricatura, em direcção à pintura. Um ano depois, o escritor Manuel Laranjeira já afirmava que o seu amigo era “um artista no significado absoluto do termo”.

“Amadeo de Souza Cardoso é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX.” – José de Almada Negreiros (Lisboa, 1916)
                                     The Hawks, 1912, Amadeo de Souza Cardoso
O final de 1908 e o início do ano seguinte trouxeram importantes alterações à vida de Amadeo. Conheceu Lucia Pecetto, com quem casou mais tarde, em 1914, e começou a frequentar as classes da Academia Viti, do pintor espanhol Anglada-Camarasa. 
Posteriormente, dedicou-se exclusivamente à Pintura, realizando várias caricaturas e algumas pinturas marcadas por aspectos naturalistas e impressionistas.

Em 1910, num contexto de investigação formal, ficava entusiasmado com as pinturas dos “primitivos” flamengos (numa estadia de 3 meses em Bruxelas).

Entretanto, o seu círculo de amizades e conhecimentos estende-se e internacionaliza-se; conhece Umberto Boccioni, Gino Severini, e Walter Pach.
O interesse de Amadeo pelo desenho consolida-se neste período com a preparação do manuscrito ilustrado da “Légende de Saint Julien L’Hopitalier de Flaubert” e pela publicação do álbum XX Dessins.

La Légende de Saint Julien l’Hospitalier, Amadeo de Souza Cardoso
Após uma breve passagem por Barcelona em que visitou o seu amigo, escultor, António Sola, e conhecera Gaudí, Amadeo regressou à sua terra-natal onde foi surpreendido pelo deflagrar da Guerra que o impediu de regressar a Paris. Cidade onde tinha explorado, na sua obra, os domínios da abstracção e expressionismo, foi substituída após o exílio em Portugal que acabou por constituir-se como um momento de plena maturação da sua pintura.

No final de 1916 Amadeo promoveu, nas duas principais cidades portuguesas (Porto e Lisboa), uma mostra em que reuniu, sob o título de “Abstraccionismo”, 114 pinturas. O desfasamento da cultura estética nacional impediu uma recepção favorável das propostas pictóricas do pintor, ganhando a exposição uma aura de escândalo (coroada no limite pela agressão física ao pintor). Almada Negreiros e Fernando Pessoa foram marcantes para a defesa pública de Amadeo; ambos o reconheceram como o pintor mais significativo do seu tempo.

Brook House, Amadeo de Souza Cardoso

Os galgos, Amadeo de Souza Cardoso
Vítima da epidemia de pneumónica que deflagrou em 1918, Amadeo morreu nesse ano, em Espinho, com apenas 30 anos.
O pintor deixou uma série de obras que demonstram o avanço e maturidade suficiente para merecer destaque de entre tantos outros pintores, ainda hoje.
“Ele foi o maior, ou o único pintor ‘moderno’ nos anos 10 em Portugal.” – José Augusto França.

In http://www.artswr.com/pintura/a-vida-de-amadeo-de-souza-cardoso/


Os mais talentosos e promissores escritores de língua portuguesa

 
«A revista Granta  inicia em Fevereiro um concurso internacional para escolher "os mais talentosos e promissores escritores de língua portuguesa", com menos de 40 anos, disse Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, que edita a publicação.
A Granta portuguesa é editada desde o ano passado, sob a direção do jornalista Carlos Vaz Marques e, segundo a editora, "é considerado o caso de maior sucesso entre as edições internacionais da Granta".
O título, que remonta ao final do século XIX, quando foi lançado por estudantes de Cambridge, regressou aos escaparates britânicos em 1979, com um novo "rosto", periodicidade trimestral e o objectivo de apoiar novos autores, no que passou a considerar a "nova escrita".
Desde 1983, de dez em dez anos, publica um número especial dedicado aos Melhores Jovens Escritores Britânicos, com menos de 40 anos.
"Esta iniciativa prenuncia os autores que irão destacar-se no futuro, cauciona o seu trabalho literário e, envolta em grande secretismo, é sempre aguardada com muita expectativa e recebida com enorme cobertura mediática", explicou Bárbara Bulhosa.
A Granta Portugal segue os passos da "revista mãe", e o seu quinto número, a publicar em Maio de 2015, será a primeira edição especial dedicada aos Melhores Jovens Escritores de Língua Portuguesa.
Os originais de autores nascidos após 1 de Maio de 1975, em qualquer dos oito países lusófonos, podem ser recebidos a partir do próximo dia 1 de Fevereiro e até 1 de Julho.
Os concorrentes devem enviar um texto literário inédito - conto ou excerto de romance -, que não exceda os 50.000 caracteres, nem tenha menos de 10.000, explica o regulamento hoje divulgado.
O texto não pode ter sido publicado anteriormente, em nenhum meio, seja impresso ou electrónico, e deverá permanecer inédito até à publicação daGranta Portugal, com os autores seleccionados, segundo o mesmo documento.
Estão excluídos do concurso, ensaios, textos dramatúrgicos e poesia. Enviado o material, "o autor não poderá fazer qualquer tipo de acrescento ou revisão ao texto já entregue", exige o regulamento que determina que é "aceite apenas um volume - envelope ou pacote - por autor".
Além do texto inédito, o autor também poderá enviar material complementar - livros de sua autoria, publicados ou inéditos, textos de ficção publicados em antologias, jornais, revistas ou meios electrónicos -, que "poderá servir como informação adicional, mas não será o critério central a avaliar para publicação", explica o documento.
A comissão de leitura que vai avaliar os textos será composta por cinco elementos e presidida pelo director da Granta. A revista será a detentora dos direitos de reprodução dos textos selecionados, tanto para a edição de língua portuguesa como para uma posterior edição em língua inglesa.»

In http://www.publico.pt/cultura/noticia/granta-procura-novos-talentos-da-lingua-portuguesa
 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Olimpíadas do Conhecimento



As Olimpíadas do Conhecimento da Universidade Fernando Pessoa, na formatação de 2014, são dirigidas aos estudantes do 12º ano de escolaridade ou de ano pedagogicamente equivalente, de escolas dos subsistemas público e privado, localizadas em Portugal Continental e Insular ou no estrangeiro sempre que disponham, oficialmente ou em opção, de Língua Portuguesa.
O regulamento e o procedimento de inscrição dos concorrentes estão disponíveis na nossa Página WEB em: http://olimpiadas.ufp.edu.pt/home que, para além da apresentação, em ligações arrumadas no menu lateral superior, remete para todas as informações relacionadas com esta importante iniciativa para a qual muito gostaríamos de obter a adesão das Escolas e dos alunos.
Trata-se de uma iniciativa aberta a todas as escolas secundárias, com ou sem cursos profissionais, a funcionar em duas modalidades inclusivas de equipas constituídas por três alunos: a Modalidade de Prova Escrita e a Modalidade de Projeto.
As Olimpíadas do Conhecimento da Universidade Fernando Pessoa visam:
- Na Modalidade de Prova Escrita: fomentar nos concorrentes uma primeira ação simulada dos exames nacionais de acesso ao ensino superior uma vez que, com grande fidelidade, as matérias consignadas nos programas oficiais são aqui tidas em conta. O acesso direto da ligação pela Página Web é: http://olimpiadas.ufp.edu.pt/provas-modelo
- Na Modalidade de Projeto: fomentar nos concorrentes uma primeira ação simulada da aplicação do saber adquirido mediante a construção e mostra de projetos nas áreas a que os mesmos estão associados e que a competição fomenta. O acesso direto da ligação pela Página Web é: http://olimpiadas.ufp.edu.pt/modalidades-de-projeto
Os concorrentes vencedores, para além dos prémios materiais, recebem um claro incentivo ao prosseguimento de estudos superiores num dos cursos de primeiro ciclo de estudos na Universidade Fernando Pessoa, decorrente de patrocínio a atribuir pela Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa.
As inscrições deverão ser realizadas, inclusive, até 27 de abril de 2014 e as provas nacionais e as apresentações dos projetos ocorrerão a 17 de maio de 2014, nas instalações da UFP, no Porto.
A Comissão Organizadora emprestará todo o apoio em relação a informações sobre alojamento e acomodação dos participantes oriundos de escolas, nacionais e estrangeiras, geograficamente distantes.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

João Tordo na ESA


 
 
Dia 17 de março, cerca das 14:30, o escritor João Tordo estará
presente na nossa escola.
Prémio Literário José Saramago
A BE e os professores de Português propõem-te que, no âmbito do contrato de leitura, escolhas, na feira de autor,  uma das suas obras.Desta forma, no dia 17 de março, poderás conhecê-lo pessoalmente e colocar-lhe as tuas questões.



João Tordo - Biografia

João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Em 2001, venceu o Prémio Jovens Criadores na categoria de Literatura. Publicou os romances O Livro dos Homens sem Luz (2004);Hotel Memória (2007); As Três Vidas (2008), que recebeu o Prémio Literário José Saramago e cuja edição brasileira foi, em 2011, finalista do Prémio Portugal Telecom; O Bom Inverno (2010), finalista do prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa da Sociedade Portuguesa de Autores e do Prémio Literário Fernando Namora e cuja tradução francesa integra as obras seleccionadas para a 6.ª edição do Prémio Literário Europeu; e Anatomia dos Mártires (2011), finalista do Prémio Literário Fernando Namora.
Os seus livros estão publicados em França, Itália, Brasil, Sérvia e Croácia. Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Arte de Pensar ... no 11º ano

 
 
A arte de pensar comanda a vida. Se prestarmos atenção a tudo o que nos rodeia, iremos encontrar algo que nos dê a motivação necessária, para questionar aquilo que sempre nos foi apresentado como irrevogável.A vida existe para ser vivida, e a capacidade intelectual que cada um possui deve ser utilizada como contribuição para a emancipação coletiva. Obviamente que nem todos serão reconhecidos como grandes pensadores, grandes matemáticos, ou grandes literários, mas temos o dever de contribuir para o desenvolvimento comum. Só assim as sociedades transgridem para um patamar de idealização superior.
Cada indivíduo possui as suas características, as suas preferências, as suas aptidões e também as suas próprias interpretações.
As interpretações a que me refiro são dos mais variados níveis. Por exemplo, se dois indivíduos discordarem na forma como encaram um determinado problema, não sendo especialistas na matéria de que se reveste o mesmo problema, essa discordância irá levar àquilo que conhecemos como dúvida, e da dúvida surge uma outra necessidade, a resposta.
Todo aquele que questiona procura uma resposta, preferencialmente uma resposta correta e ajustada ao seu nível de compreensão. Questionar e obter respostas é uma das dádivas que o ser humano possui porque desta forma atualiza o seu estado cognitivo.
Um indivíduo que raciocina, que questiona e que não se satisfaz apenas com aquilo que o senso comum defende, mas que labuta para nutrir as suas próprias teorias, está apto para criar algo diferente, dado que todo o trajeto intelectual percorrido para chegar à conclusão lhe foi dando inspiração que adicionou aos conhecimentos que adquiriu. O senso comum reveste-se de paradoxo o qual deve ser resolvido pela intriga entre a questão e a sede da resposta.
A equidade pretendida ao longo da história é de assaz importância para o bem-estar comum, as veleidades de alguns contrastam com a miséria de outros, o que torna o mundo um espaço antagónico e onde é praticamente impossível coexistir com tais discrepâncias.
Esta dicotomia deve ser travada através da arte de pensar. É urgente uma resolução que só pode ser obtida através da consubstanciação dos valores morais. A arte de pensar uniformemente deve tomar posse das almas mundanas e o paradoxo existente no seio do senso comum deve ser aniquilado dando lugar à dialética. A esperança de que o caminho daqui em diante trilhado seja propício a cada um tem de prevalecer, e a arte de pensar com clareza tem de dominar as almas.
Débora Gonçalves, 11º CLH2

António Lobo Antunes vence prémio literário internacional

 

Lobo Antunes vence prémio literário internacional
 
 
 
António Lobo Antunes venceu mais um prémio literário internacional. O escritor português foi o vencedor do galardão Nonino 2014, atribuído por uma empresa secular italiana. 
A Nonino, produtora da bebida alcoólica grappa italiana, criou o prémio em 1975 e anunciou esta semana os galardoados deste ano. O filósofo francês Michel Serres, o psiquiatra e escritor italiano Giuseppe dell’Aqua e a escritora palestiniana Suad Amiry também foram premiados. 
“Com uma técnica narrativa muito particular, Lobo Antunes desenvolveu um estilo de escrita narrativa muito pessoal, o que é extremamente interessante”, conta a organização. 
Ler um livro do escritor é “obviamente difícil, transforma-se numa espécie de quebra-cabeça de elementos que têm de ser colocados juntos, o romance faz-nos entrar numa dimensão psicológica paralela sem uma linha cronológica clara mas com uma coerência interna própria”. 
Em Itália, Lobo Antunes tem editados romances como “A morte de Carlos Gardel”, “Que farei quando tudo arde?” e “O arquipélago da insónia”. 
O investigador português António Damásio, os escritores Adonis, John Bnaville, Claudio Magris e o ensaísta Edgar Morin fizeram parte das personalidades que compõem o júri do prémio Nonino.
Este prémio já distinguiu autores como Jorge Amado, Javier Marias, Claude Lévi-Strauss, Amin Maalouf e a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. 
Dia 25 de Janeiro vão ser entregues os galardões na sede da destilaria, em Percoto, no norte de Itália.
 
In http://boasnoticias.sapo.pt/

domingo, 19 de janeiro de 2014

A alma do Poeta

 
 
Este é o Prólogo 

Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que compaixão dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!

Que tristeza tão funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!

Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em Pégaso sem asas.

Ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.

Um livro de poemas
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza-mãe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível,
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chama.

Sabe ele que as veredas
são todas impossíveis
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia, amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.

Poesia, o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
chamas e corações.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
nossa barca sem rumo.

Livros doces de versos
são os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
as estrofes de prata.

Oh! que penas tão fundas
e nunca aliviadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam!

Deixaria no livro
neste toda a minha alma...

Frederico García Lorca, in Poemas Esparsos

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Exposição Rosa dos Ventos






 

 
 
 
«No âmbito da unidade temática 3 - Localização de Lugares, foi solicitado aos alunos do 7º ano, turmas C e D, a elaboração de uma rosa de ventos.
Pretende-se com este tipo de atividade não só que os alunos apliquem de forma prática os conteúdos abordados, mas também que desenvolvam a criatividade, a responsabilidade e o trabalho em equipa.
Os alunos aderiram de forma bastante empenhada e criativa, surgindo trabalhos dignos de serem apresentados a toda a comunidade escolar, surgindo assim a ideia de que estes poderiam ser expostos.
 
 
  A professora Carla Moreira.» 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Espaço dos mais novos

 
O que sabes sobre a União Europeia?
 
Clica em http://europa.eu/kids-corner/index_pt.htm e acede a jogos e a passatempos sobre a UE. Eis uma forma divertida de aprenderes.
Descobrirás os jogos "puzzle dos edifícios famosos",  "quinta virtual", o "jogo do avião", "a corrida do euro", "a máquina do tempo", o "jogo de bilhar", o "livro para colorir" e muitos mais.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Bom dia! Boas leituras!


                                                                        

sábado, 11 de janeiro de 2014

Eugénio de Andrade (1923-2005)


Os Amigos

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.

                                                                        Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"

A Vida de um Livro

 
«Acredito que a vida de um livro enquanto está nas mãos do autor não é mais importante do que quando está nas mãos do leitor. O leitor é quase sempre um autor ele próprio. É ele que dá significado às palavras e por isso até acho muito interessante quando as pessoas me vêm apontar coisas que não eram minha intenção, mas que de facto estão lá. E há muitas outras coisas que foram minhas intenções e que nunca ninguém me referiu, e no entanto também lá estão. Se calhar alguém reparou nelas ou ainda vai reparar. Tudo o que um leitor leia num livro é legítimo porque nessa fase o leitor é tudo, é ele que faz o livro.»

                                                                                                    
José Luís Peixoto

Alunos do 12º CLH




Na cabine de projeção

O filme exibido na sexta-feira, Closed Circuit (Circuito Fechado), de John Crowley sucita uma das mais radicais interrogações: Quando a justiça é injusta, como agir?
A BE gostou de descobrir estes "entusiastas de conspirações" por entre os espectadores do Cineclube de Amarante.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

José Luís Peixoto



«A vida
 
 A chuva insiste de encontro ao pára-brisas. Os contornos de tudo embaciam-se por detrás da água, as cores perdem os limites que as contêm e entornam-se umas sobre as outras. Depois, chega o instante em que as escovas do limpa pára-brisas não conseguem esperar mais. A uma velocidade constante, certa, fazem o seu movimento geométrico, a nitidez cinzenta do céu reflectida pela estrada e, logo a seguir, a chuva de novo. Conduzo devagar.
A minha sobrinha fala de pessoas que já morreram. Responde às minhas perguntas, mas o silêncio também lhe serviria. Lembra-se bem do momento em que acordou a meio da noite e ouviu os crescidos a receberem a notícia de uma morte. Hoje, tem vinte e cinco anos. Enquanto fala, acede a impressões de pessoas do passado, é difícil distinguir se são memórias ou apenas pensamentos criados pelo que ouviu dizer, não sabe se está a recordar ou a imaginar. Essa indefinição incomoda-a. Está habituada a lembrar-se de tudo o que pensa. Falo-lhe de outras pessoas, gente que morreu quando era ainda mais pequena. Não tem qualquer memória. Custa-lhe menos chegar a essa conclusão. Sente menos falta daquilo que nunca teve.
Conduzo devagar. Durante um instante, as figuras foscas do pára-brisas são a direcção para onde continuo. A voz da minha sobrinha hesita, estende-se no interior do carro, protegida da chuva, com uma fragilidade imperfeita. As pessoas de que ela não se lembra estão dentro de mim. Vejo-as com clareza. Nalguns casos, dirigem-se a mim, tratam-me pelo nome e sorriem, completamente ignorantes de estarem mortas. Sinto a sua presença em detalhes, não tenho de fazer qualquer esforço para os ter presentes: a maneira como penteiam/penteavam o cabelo com os dedos, uma certa expressão do rosto, a maneira como dizem/diziam certas palavras. A limpeza da memória das suas vozes comove-me, a maneira como pronunciam certas palavras, mas sei que não estão vivos, sei que não poderei voltar a ouvir essas vozes que ninguém gravou.
Procurando explicações para mim próprio, olho para o passado como se fosse a casa dos meus pais. Aprendi a conhecer cada pormenor das suas paredes, a sua textura, acreditei naquela casa como só um menino é capaz, depois o tempo passou. Aqui mesmo, ou em todos os lugares onde já estive sem me lembrar dela, a casa continuou sempre lá. Está lá agora, com tempo a passar lento nas suas divisões mal iluminadas, as mesmas onde fui criança, o banco onde me sentava ao lume em dias como este, o corredor que a minha mãe atravessava cheia de pressa, o sofá onde o meu pai se sentava já doente, a cama onde eu me deitava a imaginar o adulto que seria/sou, o canto da cozinha onde nesta época do ano decorava a árvore de Natal. E foi assim em todos os momentos. Depois de sair de lá, noutras casas, sem me lembrar, compenetrado em apaixonar-me ou em desiludir-me, a casa estava sempre lá, com tempo a passar nas suas divisões vazias. Enquanto eu tinha filhos, a casa estava lá; enquanto eu publicava livros, a casa estava lá; enquanto eu me preocupava com insignificâncias que já esqueci, a casa estava lá.
 Tenho trinta e nove anos. Há pouco mais de uma semana, levei a minha mãe neste mesmo carro. Era de noite, os faróis dos outros automóveis formavam estrelas na distância. Eu falava-lhe do meu filho mais novo e disse-lhe que cinco anos passam depressa, disse-lhe que daqui a pouco será adolescente. A minha mãe não concordou, disse-me que não, disse-me que cinco anos é muito tempo. A minha mãe tem setenta e dois anos. Não precisou de repetir ou de explicar melhor o que queria dizer. Entendi-a bem e senti-me envergonhado pela superficialidade e pela arrogância do meu desconhecimento. Realmente, cinco anos é muito tempo. Só passam depressa se não estivermos atentos.
Avançamos num veículo frágil, debaixo de uma tempestade inclemente, muito maior do que nós, de um tamanho que não podemos conceber, a transcender-nos, mas estamos aqui. Avançamos em direcção a figuras foscas, a nitidez é breve e não tem força suficiente para nos tranquilizar, mas estamos aqui. A noite, inevitável, à espera, mas avançamos e estamos aqui.»
José Luís Peixoto
 
 
 
Nota: O link do escritor já se encontra gravado nesta casa. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eusébio (1942-2014)


 
 
No blogue da Rede de Bibliotecas Escolares encontrarás  obras sobre este notável futebolista.

 Poderás consultar na  BE os seguintes livros sobre futebol:   

 
         
                                                       
  

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ANO NOVO?





Temporal ou cronologicamente houve mudança: já não estamos em 2013 e abdicamos do mês de dezembro.
O curioso é que daqui a um ano a ilusão da novidade do ano será a mesma. Um tempo cíclico que o homem insiste em dotar de renovação e recriação. A evolução (sobretudo, a moral) só é possível porque somos portadores de crenças: crença no otimismo porque a mudança implica melhoria; crença na irrepetibilidade dos erros porque não haverão conflitos individuais ou coletivos.
E, assim, o Ano Novo será o antídoto do pessimismo.
De que interessa o Ano Novo se a alma envelhecida pelos hábitos, preconceitos e esquemas mentais rígidos se recusa aprender? De que interessa o Ano Novo se o Tempo da desonestidade, da inveja, da hipocrisia é Velho?
Enquanto nos desconhecermos, não mudaremos.
Enquanto não lutarmos por um Ano Novo, o Ano será sempre Velho.

 
 
 
 

Arquivo do blogue