quarta-feira, 2 de maio de 2018

“Istambul-Memórias de uma cidade". Por Maria Duarte, 12º CT3



   «Orhan Pamuk, proveniente de uma família burguesa, nasceu a 1952 em Istambul, espaço físico onde decorre a ação deste este “livro de memórias”. A obra é ilustrada com fotografias da cidade de Istambul bem como da família Pamuk. 
   Contrariamente ao que o título “Istambul-Memórias de uma cidade” sugere, o tema principal não é a cidade, mas sim a vida do autor. A ação segue uma ordem cronológica que tem início quando tem apenas cinco anos - é-nos apresentado Orhan como uma criança feliz que acreditava que existia outro Orhan que sentia e que pensava como ele. Por isso, busca-o pela cidade, pela qual sente grande curiosidade. Assim, não é de estranhar que seja descrita através das “memórias coletivas” que evidenciavam a decadência da cidade devido à perda das tradições após a queda do Império Otomano. As “memórias pessoais” são marcadas pela imagem das salas do edifício Pamuk que abrigavam toda a família e que se assemelhavam a museus ocidentais (retrato da imitação do mundo ocidental, ideia abominável aos olhos do autor). 
   Numa abordagem mais global, considero que os capítulos mais interessantes são definitivamente aqueles centrados nas vivências do autor já que os restantes referem vários topónimos e personalidades desconhecidas do leitor ocidental que nunca visitou a cidade e nunca ouviu falar dessas pessoas. Tal facto dificulta a compreensão desses capítulos. Neste contexto, a minha atenção focaliza-se nos episódios de vivência pessoal em especial os que retratam a infância do narrador. A autocaracterização que Pamuk tece revela uma criança que se destaca pela perspicácia e acutilância, indício de sensibilidade profunda que a vida adulta vai refinar. 
   Através da obra, e como curiosidade, conheci o termo “Hüzün” que representa a melancolia - tal como temos a palavra saudade no nosso vocabulário, os turcos utilizam este termo para retratar um sentimento que não tem tradução para outra língua. 
   Para terminar, seria importante registar a curiosidade que esta obra despertou em mim, no sentido de saber mais sobre a cultura Turca. Aconselho a leitura deste livro de memórias a todos os que tenham curiosidade em saber mais sobre este autor que ganhou o prémio Nobel da Literatura em 2006.» 

 Maria Duarte, nº18, 12º CT3