Amadeo de Souza Cardoso, natural de Manhufe (Amarante), pertenceu à primeira geração de pintores modernistas portugueses, destacando-se de todos os outros pela qualidade inigualável da sua obra e ligações internacionais.
Partiu para Paris em 1906, quando tinha 19 anos, para terminar os estudos de arquitectura, iniciados em Lisboa. O meio artístico na capital francesa não passava despercebido e acabou por levar Amadeo ao desenho e caricatura, em direcção à pintura. Um ano depois, o escritor Manuel Laranjeira já afirmava que o seu amigo era “um artista no significado absoluto do termo”.
“Amadeo de Souza Cardoso é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX.” – José de Almada Negreiros (Lisboa, 1916)
O final de 1908 e o início do ano seguinte trouxeram importantes alterações à vida de Amadeo. Conheceu Lucia Pecetto, com quem casou mais tarde, em 1914, e começou a frequentar as classes da Academia Viti, do pintor espanhol Anglada-Camarasa.
Posteriormente, dedicou-se exclusivamente à Pintura, realizando várias caricaturas e algumas pinturas marcadas por aspectos naturalistas e impressionistas.
Em 1910, num contexto de investigação formal, ficava entusiasmado com as pinturas dos “primitivos” flamengos (numa estadia de 3 meses em Bruxelas).
Entretanto, o seu círculo de amizades e conhecimentos estende-se e internacionaliza-se; conhece Umberto Boccioni, Gino Severini, e Walter Pach.
O interesse de Amadeo pelo desenho consolida-se neste período com a preparação do manuscrito ilustrado da “Légende de Saint Julien L’Hopitalier de Flaubert” e pela publicação do álbum XX Dessins.
Após uma breve passagem por Barcelona em que visitou o seu amigo, escultor, António Sola, e conhecera Gaudí, Amadeo regressou à sua terra-natal onde foi surpreendido pelo deflagrar da Guerra que o impediu de regressar a Paris. Cidade onde tinha explorado, na sua obra, os domínios da abstracção e expressionismo, foi substituída após o exílio em Portugal que acabou por constituir-se como um momento de plena maturação da sua pintura.
No final de 1916 Amadeo promoveu, nas duas principais cidades portuguesas (Porto e Lisboa), uma mostra em que reuniu, sob o título de “Abstraccionismo”, 114 pinturas. O desfasamento da cultura estética nacional impediu uma recepção favorável das propostas pictóricas do pintor, ganhando a exposição uma aura de escândalo (coroada no limite pela agressão física ao pintor). Almada Negreiros e Fernando Pessoa foram marcantes para a defesa pública de Amadeo; ambos o reconheceram como o pintor mais significativo do seu tempo.
Vítima da epidemia de pneumónica que deflagrou em 1918, Amadeo morreu nesse ano, em Espinho, com apenas 30 anos.
O pintor deixou uma série de obras que demonstram o avanço e maturidade suficiente para merecer destaque de entre tantos outros pintores, ainda hoje.
“Ele foi o maior, ou o único pintor ‘moderno’ nos anos 10 em Portugal.” – José Augusto França.
In http://www.artswr.com/pintura/a-vida-de-amadeo-de-souza-cardoso/
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