sábado, 20 de junho de 2015

Livro da Quinzena: "Para Sempre", de Vergílio Ferreira. Por Mariana Varejão, 11º CT3



 «Contínua e cada vez mais solitária viagem em volta do único ponto do seu universo: o da sua infância como monólogo inacabado e inacabável em torno do milagre ardente e pavoroso da sua própria aparição no meio do mundo - montanha, estrelas, água, vento que é uma resposta antes de ser desesperada e inútil interrogação.» (Eduardo Lourenço)

                                                                        In http://www.wook.pt/ficha/para-sempre/a/id/220797




«Paulo é um homem só. Na fase final da sua vida recorda todas as pessoas de quem gostou e que já não tem ao seu lado: relembra Sandra, a mulher que amou e que morreu de cancro, relembra Xana, a filha que se foi perdendo no abismo da droga, relembra a sua mãe, que morrera na sua infância, e até as tias e o padre que o atormentaram com uma religião beata que nunca respondeu aos seus pedidos de misericórdia. 
Estas são as memórias que flutuam no rio do seu pensamento no momento em que volta à casa onde viveu em criança, despertando nele a melancolia de toda uma vida que confluiu na solidão e no pessimismo, estando agora a chegar ao fim.
Neste livro, Paulo aguarda a morte numa imensa introspeção onde os tempos múltiplos da vida são revistos com mágoa e com sofrimento, pelo que esta obra constitui um lamento arrastado, mas pontuado por algumas pontas de lucidez e outras de felicidade. É, numa outra perspetiva, um livro sobre a morte como redenção, como o remédio único e fatal para a infelicidade prolongada a que Paulo chamou vida.
Para mim, este livro foi um desafio. (…) Ler “Para Sempre” é como entrar na mente da sua personagem principal (Paulo), e acompanhar todos os seus pensamentos nesta fase terminal da sua vida. Não é uma leitura fácil, pois todo o sofrimento evidenciado por Paulo, toda a dor que saiu da caneta de Virgílio Ferreira, atravessa cada palavra e vem de encontro ao leitor, abalando-o de uma forma inexplicável. 
É também um pouco confuso, pois todas as personagens são apresentadas da maneira como o protagonista as recorda, não havendo uma introdução às mesmas, só a visão das suas ações como elas aconteceram. Isto pode parecer absurdo, mas quando eu comecei a ler esta obra, não sabia se Paulo estava a relembrar as suas tias ou se estava a ver os seus fantasmas, dado que ele fala delas como se estivesse na sua presença, e para uma pessoa que não esteja absolutamente concentrada ou habituada a este autor, pode ser complicado.
Por vezes, temos de arriscar. Virgílio Ferreira, um dos maiores autores portugueses, é um grande desafio. O meu conselho é: arrisquem também.»



Mariana Varejão, 11º CT3


Este é um dos livros verdadeiramente especiais que espera por ti aqui, na tua Biblioteca! 



Nota: A administradora do blogue agradece à professora Isabel Araújo o trabalho desta sua aluna.


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