Mais um texto sobre o Mar, escrito por uma aluna que preferiu manter o anonimato.
O
mar traz-me calma. Sim, calma. Ajuda-me quando estou sozinha. Está comigo desde
pequena, eu a seguir conto a história. Sempre que precisei de ajuda falei com
ele e fiquei melhor, sempre.
Tudo
começou com os meus 8 anos. Morava perto da praia, com os meus pais e o meu
cão. A minha vida era perfeita, divertia-me todos os dias, mas normalmente não
ia à praia, pois os meus pais tinham medo que me acontecesse alguma coisa. Sim,
tinham porque rapidamente deixaram de a ter. A minha mãe engravidou, na altura
fiquei radiante mas quando ela nasceu, tudo mudou. Os meus pais praticamente
esqueceram-se de mim. Um dia decidi ir para a praia, porque afinal os meus pais
nem iam dar fé. E não deram. Cheguei lá e sentei-me na areia. Decidi falar e,
por incrível que pareça, senti-me feliz, uma coisa rara de sentir naquela
altura.
Isso
repetiu-se por muitos anos. Todos os meus problemas na minha adolescência foram
resolvidos com a ajuda do mar. Os meus pais acabaram por se divorciar, mas não
me importei muito, pois tinha o mar, o meu mar.
Sempre
que me sentava lá o meu coração pulava de alegria. Ia sozinha, pois gostava de
estar sozinha, por vezes sentia-me melhor do que com pessoas. Adorava o som das
ondas, aguardava o dia todo para as poder ouvir. Foi ele que me ajudou com os
meus problemas na escola, no amor e agora no trabalho. Sim, ainda o continuo a
fazer. Não todos os dias como antes, mas sempre que necessito. Ele vai me
ajudar neste próximo passo. Estou grávida e, quando a minha Maria nascer, é
óbvio que quero que seja batizada naquela praia. Na praia que tem o mar que foi
praticamente o meu companheiro.
Com
o meu passado, aprendi a apreciar as coisas mais simples e percebi que essas
são as melhores. Tenho de agradecer tudo ao mar, ao meu melhor amigo, o melhor
amigo de todos.
Uma anónima entre nós
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