segunda-feira, 14 de abril de 2014

Exposição de Ana Torgo: o retorno à identidade originária


A artista, Ana Torgo, e a sua mãe


Na inauguração da exposição de Ana Torgo na Porta 43, Gatilho, tive oportunidade de fruir os quadros da artista e de conversar com ela.


A  sua pintura é o espelho da sua alma, das suas vivências e da sua sensibilidade. Para além do contraste  cromático que cada pintura evidencia, há outros elementos pictóricos invariantes: os animais não humanos, como o porco, a tartaruga, o cão com rosto de esfinge, o bode. Trata-se de assumir o prolongamento e a identidade ancestral ou originária do ser do homem na sua dimensão mais profunda, a sua raiz animal.



Por outro lado, capta-se a dialéctica de contrários que criam uma intensidade em cada tela desenhada e pintada: morte/vida, real/imaginário, profano/místico. Como refere a artista “Somos seres de opostos”. Esta dualidade reenvia o contemplador para uma ambiência de alguma surrealidade, através da qual  o “eu” artista se dilata por múltiplos “eus”.   


Nenhuma obra possui título, o que é bastante curioso. Ana Torgo justificou esta ausência, afirmando que “um título não seria suficiente”, tal como não se pode condensar uma vida num ano, dia, hora ou minuto.  em este indício de leitura ou de interpretação, o fruidor  é conduzido pela sua imaginação a  procurar o “seu” título. 


Destacaria, por fim, o facto de Ana Torgo, manifestar que “não se preocupa em viver em busca de respostas”. E para quê? 
Afinal, cada quadro encerra múltiplas interpelações. A obra de arte é questionamento incessante. 
Uma exposição imperdível. 

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