Lembro-me de ouvir Manoel de Oliveira referir que «Por cá sou mais conhecido pela minha idade do que pelos meus filmes».
Ora, contrariando esta ideia, os alunos dos 7.ºs e 10.ºs anos terão a oportunidade e o privilégio de contemplarem "Aniki Bóbó", obra datada de 1942, em 35mm.
Este é um dos objetivos do PNC: «Divulgar um corpus de obras essenciais do património cinematográfico nacional» e confesso que não vislumbro outra possibilidade, que não a de prosseguir o desenvolvimento da cultura cinematográfica dos alunos pelo Mestre Manoel de Oliveira.
Deste modo, a atividade "O cinema está à tua espera", dinamizada no âmbito deste projeto, pretende homenagear o realizador.
Manoel de Oliveira, afigura-se-me como Bérenger de Ionesco: recusa-se a morrer. E a utopia da eternidade começa a concretizar-se quando se contempla a obra do Artista.
Celebrar Manoel de Oliveira, imortalizando-o, é possibilitar às novas gerações o visionamento dos seus filmes.
Celebrar Manoel de Oliveira, imortalizando-o, é possibilitar às novas gerações o visionamento dos seus filmes.
Sobre a obra filmíca "Aniki Bóbó", eis o que o realizador exprimiu acerca das suas motivações intrínsecas:
«É uma história um tanto ingénua, mas que encerra muitas das minhas preocupações. (...) A palavra ainda não era, para mim, a revelação que depois foi. "Aniki-Bóbó" vive muito mais da imagem do que da palavra (...).
...todos os meus filmes vão parar ao desconhecido, ao que se descobre por detrás do desconhecido. Porque a morte é uma espécie de cortina preta que nos impede de saber a mais pequena coisa. Para além da morte, de mais nada as pessoas se apercebem. Portanto, isto desperta logo a curiosidade e a aventura de pensar sobre o que estará para o lado de lá, para além dessa cortina negra.
Procurando contar uma história tão simples, queria reflectir nas crianças os problemas dos adultos, aqueles que estão ainda em estado embrionário; pôr em contraposição a noção do bem o do mal, do ódio e do amor, da amizade e da ingratidão. Queria sugerir o medo da noite e do desconhecido, a atracção pela vida que pulsa em cada coisa à nossa volta, com força e com convicção.»
Entrevista a João Bénard da Costa, 1989.
O filme será apresentado por um convidado muito especial, o Prof. do ESMAE-IPP e realizador Jorge Campos.
Se queres saber mais, consulta os links dos jornais Público e SOL, da Revista Sequences, e a entrevista feita pelo Expresso ao realizador.
Aconselho, ainda, a leitura do artigo «Manoel de Oliveira - Uma História do Cinema Português» de João Simão.
Aconselho, ainda, a leitura do artigo «Manoel de Oliveira - Uma História do Cinema Português» de João Simão.
A Coordenadora do PNC, Amarante
Nota: Esta iniciativa conta com os apoios da Câmara Municipal de Amarante e do Cineclube de Amarante.
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