sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

“Trash Os Rapazes do Lixo" de Andy Mulligan. Por Ana Moreira (11.º CT2)


     
"A obra de Andy Mulligan, um escritor inglês nascido a 20 de março de 1966, em Londres é fortemente influenciada pelo seu trabalho como voluntário em Calcutá, na Índia. Durante dez anos, trabalhou como encenador, até que as suas viagens pela Ásia o inspiraram a ser professor, tornando-se, assim, professor de Inglês e de Drama no Brasil, Índia, Filipinas e Reino Unido. Atualmente, o autor divide o seu tempo entre Londres e Manila. 

     “Trash Os Rapazes do Lixo” foi publicado em mais de 15 países e é um livro sobre como a esperança e a determinação podem transcender até a pobreza mais indigna.
   A escrita de Andy Mulligan não é muito simples, mas merece toda atenção e dedicação do leitor. Escrito na primeira pessoa, este texto tem como principais narradores os protagonistas e também algumas das pessoas que, voluntariamente ou involuntariamente, participaram nas suas aventuras.
  Este livro abre-nos as portas para um retrato social anómalo: dá-nos a conhecer a história de três rapazes que têm como único lar uma lixeira, Behala, de proporções descomunais num país do Terceiro Mundo. Neste local fétido, eles trabalham tanto quanto lhes é possível para manterem o único tipo de vida que conhecem, uma vida rodeada de miséria, em vez da morte pela fome.
  As descrições são muito realistas e não é preciso o leitor avançar muito na leitura para se sentir repudiado pelo cheiro enjoativo da lixeira.



Um dia, entre excrementos e podridão humana, duas das três inocentes crianças encontram uma mala; essa mala continha dinheiro, que lhes encheu a barriga por uns dias, e documentos que são procurados pela polícia. Quando as autoridades invadem o seu universo, só lhes resta a mentira ou a fome e os mistérios de uma carta, uma carta sofrida através das palavras de um pai morto que teme pela sua filha, dando início a algo maior. Os três rapazes são, então, perseguidos pelas autoridades, à medida que tentam desvendar este mistério que envolve corrupção e as mais altas esferas da sociedade, algo que denuncia a verdade e que mudará a vida destes meninos para sempre.

    Tais como muitas outras crianças que vivem em extrema pobreza, esta obra revela-nos a história de Raphael, Gardo e Ratazana que são exemplos de crianças brilhantes, crianças que seriam um dia úteis à sociedade, mas que, por falta de oportunidade, não são nem nunca serão ninguém.
   É uma história sobre corrupção, corrupção daqueles que são a cara do poder, daqueles que ficam sem peso na consciência ao pensar nos que distribuem por valas comuns, aos ninguéns que morrem todos os dias sem direito, sequer, ao espaço garantido debaixo da terra. É uma história que representa uma realidade que não nos é muito próxima, onde a polícia é comprada, o governo contaminado e os meios de comunicação reprimidos. 
    Ao ler esta obra senti me apenas frustrada, revoltada e impotente por causa de todas as crianças que esta obra representa, crianças que não tem nada, não tendo oportunidade de ter um futuro melhor com condições de vida a que toda a gente deveria ter acesso, e não só os que vivem em países desenvolvidos. Acabei por me sentir também culpada por ter tanto e não dar o devido valor à vida que tenho, pois todos nós nos queixamos de certos problemas, enquanto que outros, com muito menos que nós, a nível económico, e não tendo as mesmas condições sanitárias, oportunidades, recursos e com muitas mais adversidades na vida, a enfrentam sempre com um sorriso na cara.
     Para finalizar, é uma ficção que denuncia uma realidade que não pode ser escondida, uma realidade que deve chegar a tantos quantos for possível porque, infelizmente, muitos são os que lhe estão próximos e preferem não ver. Recomendo vivamente a leitura deste livro, pois abre-nos os olhos fazendo-nos pôr em causa o próprio significado de viver e expõe as desigualdades sociais que existem no mundo."

Ana Rita Moreira, 11º CT2


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