sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Reflexão sobre a Palestra de Marisa Matias. Por Ana Teixeira, Beatriz Machado e Leonor Silva. 11.º CT2



   "No dia 20 de setembro de 2018, ocorreu, no pequeno auditório da Escola Secundária de Amarante, uma palestra com a Dra. Marisa Matias, que se disponibilizou a estar presente para nos falar e esclarecer dúvidas, não só sobre os direitos humanos, mas também sobre situações desumanas que têm lugar em determinados países, como é o caso dos países do médio oriente, aos quais a eurodeputada fez bastante referência. 

  A deputada pediu-nos para fazermos perguntas relativamente aos tópicos em que tivéssemos mais dúvidas e que fossem do nosso interesse, o que demonstrou preocupação, da sua parte, em adequar a palestra ao público. A par disto, a palestrante teve uma postura muito correta e imparcial, não deixando que os valores do seu partido de eleição (Bloco de Esquerda) interferissem no seu discurso. Posto isto, vários alunos interrogaram Marisa Matias que, prontamente, se disponibilizou a dar respostas.


   Em resposta a uma pergunta sobre como proceder para obter o melhor desempenho possível na área da política, Marisa Matias respondeu que isso era algo que ainda procurava perceber e melhorar, defendendo a rotatividade nos cargos políticos, um dos princípios fundamentais da democracia, e combatendo o mau princípio de todos aqueles que se envolvem na política para serem vistos como pessoas superiores ao mero cidadão. Disse inclusivamente que, quem representa uma população é quem deve prestar subserviência à mesma.


   Em relação à questão sobre se se sentia discriminada por ser mulher e se isso condicionava o julgamento das outras pessoas acerca das suas capacidades políticas, a eurodeputada respondeu afirmativamente, explicando que esse é um problema que enfrenta diariamente e que, face a uma sociedade profundamente sexista e desigual, as mulheres devem lutar pela igualdade de género e não devem tolerar ser inferiorizadas visto que partilham da mesma liberdade e dos mesmos direitos dos homens. A palestrante chamou ainda à atenção para os estereótipos desagradáveis a que as deputadas estão sujeitas, um comportamento extremamente etnocentrista e pouco ético.




   Marisa Matias, questionada sobre a grande abstenção registada nas eleições parlamentares europeias, respondeu que considerava importante respeitar todos aqueles que, voluntariamente, optam por não votar, desde que os mesmos estivessem conscientes que estão a deixar que outros tomem as decisões, devendo, portanto, conformar-se com os resultados. Foi também realçada a importância de campanhas para diminuir a contrafação de medicamentos, descritos pela deputada como “assassinos silenciosos”.


   Durante a palestra foram debatidos vários problemas existentes na nossa sociedade, mas, sem dúvida, o que mais nos tocou foi o do fluxo migratório. Este assunto foi falado com grande carinho e emoção por parte da eurodeputada, que partilhou connosco situações completamente impensáveis para a época atual. Marisa Matias alertou-nos para o facto de que a migração de refugiados não é sinónimo de invasão ou de ameaça, ao contrário do que nos querem fazer pensar. Escondemo-nos na desculpa do terrorismo e caímos no erro de pensar que todos os refugiados constituem um perigo para a nossa sociedade ocidental, ignorando o facto de que há pessoas que pagam quantias absurdas de dinheiro para fugirem à guerra. Estas guerras do Médio Oriente foram abordadas, também, com grande destaque, primeiro pela destruição que têm vindo a causar e segundo pelo vergonhoso envolvimento de potências Europeias - como França, Alemanha e Inglaterra - dos Estados Unidos da América e da Arábia Saudita. De acordo com o ponto de vista da eurodeputada, estamos a testemunhar uma forte ascensão da extrema direita, em vários pontos do globo (sendo a Península Ibérica um dos locais geográficos onde esta presença é menos notória) o que se relaciona com o fornecimento bélico para as guerras do Médio Oriente, nomeadamente para a guerra da Síria, que tantas baixas causa, provocando a maior migração que alguma vez vivenciamos. Todas estas potências têm, portanto, responsabilidades a assumir, pois, com o objetivo de ganhar dinheiro, continuam a alimentar estas guerras, não querendo saber das consequências desse negócio sem escrúpulos. Mas que comunidade moral é esta, na qual vivemos que, em vez de promover imparcialmente o bem-estar de todos os habitantes do planeta privilegia os interesses de uma parte em detrimento dos de outra?

   Deixando esta pergunta no ar, Marisa Matias fez-nos refletir sobre como vivemos num mundo hipócrita que pouco faz para combater a pobreza absoluta vivida em países invadidos pela desgraça, deixando ainda mais evidente as grandes desigualdades entre países mais desenvolvidos e os mais pobres. Todos os dias pessoas inocentes enfrentam situações terrivelmente desumanas. Quem protege estes cidadãos contra as violações dos direitos humanos? Ou será que não têm esses direitos? Ninguém escolhe viver em guerra, trata-se de uma questão de sorte, porque se a situação se invertesse também nós procuraríamos melhores condições de vida. Não há valor monetário que compre a paz.



   Todos os dias ouvimos falar sobre os problemas dos refugiados, da discriminação da mulher, entre outros, mas não tínhamos noção das proporções que estes assuntos chegam a atingir. Do nosso ponto de vista, esta conversa com a eurodeputada elucidou-nos sobre as dificuldades que existem no mundo e as dificuldades que a própria tem de enfrentar, face a problemas da atualidade aos quais muitas vezes não damos a devida importância, preferindo ignorar a sua existência, visto que esta é uma solução mais fácil do que lutar para que estes sejam erradicados.

    Marisa Matias deveria ser seguida como exemplo, uma vez que ao contrário de muitos, tem um papel extremamente ativo em relação aos obstáculos globais que, de certa forma, afetam-nos a todos."

Ana Beatriz, Beatriz Machado e Leonor Silva, 11.º CT2





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