Exposição «Café quotidiano»
Como
surgiu a ideia para esta exposição? Em que contexto?
GP –
Bem,
eu já costumava ir desenhar para o café-bar desde há algum tempo, pois achava o
ambiente agradável para ser representado à minha maneira e vi naquele lugar
algo de significativo para mim. Um certo dia fui convidado a expor e a partir
daí o meu hábito de desenhar no local tornou-se cada vez mais forte. Soube logo
no momento em que fui convidado a expor que o tema seria o Café Quotidiano.
A
cada quadro da exposição corresponde um conceito?
GP –
Não,
eu acho que todos os quadros da exposição representam o tema como um todo,
sendo cada fragmento determinante, a meu ver, para representar o quotidiano
amarantino, nomeadamente este café.
As
técnicas subordinaram-se ao tema ou o inverso?
GP –
Nem
um nem outro. Eu pretendi usar as técnicas mais variadas possíveis, não só para
pôr à prova o que tinha aprendido ao longo dos anos, mas também para criar um
sentido e uma interpretação diferente e especial em cada obra.
Que
importância atribuis aos detalhes, aos pormenores, na obra?
GP –
Para
mim, o mais pequeno detalhe ou pormenor faz a diferença. Reparo cada vez mais
que são coisas muito subtis que fazem o meu nível de satisfação subir em
relação aos meus trabalhos.
Qual
foi a obra exposta que gostaste mais de pintar? Por quê?
GP –
Eu
não dei nomes às obras mas se explicar qual é as pessoas percebem logo. Gostei
principalmente de um desenho a tinta-da-china em que representei o empregado
Bruno em movimento. A caneta de aparo permite uma expressividade que considero
confortável, e fiquei satisfeito por ter conseguido, com espontaneidade, o
gesto comum do empregado a levar o café ao cliente.
Sobre
o Café Bar, tens alguma história (tua) para além das histórias representadas
nas telas?
GP- Eu
gosto simplesmente de pensar em mim em relação ao Café Bar como alguém que
contribuiu de certa forma para mostrar as pessoas o ponto de vista de um
artista em relação às coisas mais banais como o beber de um café ou o ler de um
jornal.
O
facto de nasceres no seio de uma família de artistas condicionou ou potenciou as
tuas escolhas, nomeadamente a do curso?
GP –
Sem
dúvida que sim. Viver numa casa cheia de arte desde pequeno fez- me um bem
enorme. Apesar de não aproveitar ao máximo as condições que tinha antes de
seguir o curso de Artes Visuais, penso que evoluí bastante a partir do décimo
ano e pretendo continuar a aprender muito com a arte e os artistas que me
rodeiam.
Que
reacção à tua exposição esperas despertar nas pessoas?
GP –
Quero
que desperte interesse e curiosidade para ver mais exposições, assim como uma espécie
de reconhecimento pelo esforço. Mas principalmente quero que desperte a ligação
a nível pessoal pois acho que o tema que escolhi é algo com o qual as pessoas
se podem relacionar, o quotidiano.
A
pintura constitui, para ti, uma necessidade, uma vocação ou uma exigência?
GP -
Penso
que a resposta é um pouco de tudo, a tal necessidade está a crescer em mim. Sinto-me
cada vez mais ligado e relacionado não só com pintura mas com arte em geral.
Sinto mais o meu interesse a manifestar-se por artistas, tanto atuais como de
outras épocas, do que antes e penso que descobri em mim muita curiosidade por
técnicas e matérias, algo que não era assim tão evidente.
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