domingo, 23 de fevereiro de 2014

«José e Pilar» por Rui Lopes, 12.º CLH


Na comemoração dos Dias do Desassossego, algumas turmas do 12.º ano deslocaram-se ao Clube de Cinema, visualizando e reflectindo sobre documentário «José e Pilar». Eis a reflexão de Rui Lopes, da turma CLH: 

«Dado a sua diversidade, é difícil selecionar as passagens, frases, momentos que mais me marcaram no filme “José e Pilar”, sobre a vida de um escritor português de topo, polémico devido aos ataques à Igreja Católica, vencedor do prémio Nobel da Literatura e do prémio Camões, chamado Saramago, que embora já falecido, as suas obras continuam bem atuais.
Uma das coisas que mais me tocou foi a distância entre Saramago e a Pátria portuguesa, a qual não o valorizava, antes pelo contrário, segundo a sua filha “o país de origem é aquele que pior o trata”, o que a juntar com as medidas do governo português, provocaram a saída deste grande escritor para o nosso país vizinho. Esta situação é algo que me entristece, pois é impressionante como a maioria dos portugueses não apoiam as figuras que levam a nossa Pátria aos quatro cantos do mundo, só porque não são aparentemente simpáticos ou porque têm uma visão diferente do mundo.
A ironia, rebeldia, sentido prático com que Saramago encara a vida, demonstrando-o nas respostas que dava nas conferências de imprensa, na sua insistência em falar a sua língua materna (estando a conviver com espanhóis), mas principalmente no seu modo de escrever, são características que o definem, tendo objetivos de escrita diferentes da maioria dos escritores atuais. Utilizando citações suas, “vivo desassossegado e escrevo para desassossegar”, “não quero leitores conformados, passivos, resignados”, já que para ele é “nos seres desassossegados que onde se desperta a racionalidade, pois são estes que pensam de forma a expor e solucionar as suas inquietações”.
De destacar estão a sua intensa relação com a mulher, que é o seu suporte “a Pilar é o meu pilar” e a forma como Saramago encara a morte, que apesar de não a temer, vivia obcecado em escrever o máximo possível pois não lhe restava muito tempo de vida.
Considero o filme “José e Pilar” um documentário interessante sobre a vida de um dos maiores artistas portugueses, o qual lamento não ter valorizado durante a sua passagem pela Terra, pois ainda não tinha maturidade suficiente para compreender e reconhecer o seu trabalho. Contudo, a visualização deste filme despertou-me vontade de ler as obras deste Senhor da literatura.»

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