Na Casamarela o espaço e o tempo são mediados, metamorfoseados, pelas artes. O tempo não é cronológico e o espaço não é exterioridade física. O «fora» de nós cede lugar ao «dentro» de nós.
As artes são naturalmente cúmplices e isso sente-se. Primeiro, pela confluência de objetos artísticos de natureza distinta (pintura, escultura, cinema, fotografia, restauro de arte sacra...); depois, pela relação inter pares dos seus criadores. Relação de proximidade desveladora dos olhares, das sensibilidades e dos entendimentos dos artistas.
As diversas linguagens e manifestações artísticas convidam o espetador a encetar a dialética da interrogação. A obra interroga. O espetador interroga. Quem pergunta primeiro? Quem responde por último?
Mas sob esta aparente relação diádica, emerge uma afinidade triádica: artista – obra – espetador. Aconchegado e enfeitiçado por ela, o contemplador vai descobrindo um traço, uma cor, uma textura, um som, e despertando as emoções. Relação intimista e cúmplice que concede o pulsar vital à(s) obra(s) e o resgata da sua inanidade existencial.
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