quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Livro da Quinzena

As Intermitências da Morte 




"Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto", escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura.
Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. E foi nela que o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel da Literatura buscou o material para seu novo romance, As intermitências da morte. Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema.
Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder "passar desta para melhor". Os empresários do serviço funerário se veem "brutalmente desprovidos da sua matéria-prima". Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não pára de aumentar. O negócio das companhias de seguros entra em crise. O primeiro-ministro não sabe o que fazer, enquanto o cardeal se desconsola, porque "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja".
Um por um, ficam expostos os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos. Mas, na sua intermitência, a morte pode a qualquer momento retomar os afazeres de sempre. Então, o que vai ser da nação já habituada ao caos da vida eterna?
Ao fim e ao cabo, a própria morte é o personagem principal desta "ainda que certa, inverídica história sobre as intermitências da morte". É o que basta para Saramago, misturando o bom humor e a amargura, tratar da vida e da condição humana.


A opinião dos teus colegas:

“O que aconteceria se de um momento para o outro a morte parasse de matar? A imortalidade traria felicidade? Quais as suas consequências? São estas algumas das perguntas a que Saramago se propõe responder e abordar na sua obra. As Intermitências da Morte é um romance em que o autor desenvolve todas as consequências do desaparecimento da morte, em que saramago, com mestria, conduz-nos numa longa viagem sobre as questões mais profundas sobre a vida e a morte.
O livro de forma subtil e simples aborda todos os aspetos a pensar sobre a morte e a falta dela, e nesse aspeto é excelente! Utilizando como personagem principal a morte, José saramago crítica vários setores da sociedade, mas principalmente o Estado e a Igreja. (….) Induzindo sempre à reflexão do autor.
(…) Ao longo do texto, um traço curioso é o sentido de humor com que saramago aborda temas tão dramáticos como a morte. Aliás, Saramago utiliza frequentemente metáforas e ironia para fundamentar as suas ideias.
Concluindo, As Intermitências da Morte é um livro nitidamente crítico e reflexivo, em que se evidencia a arte de escrever do reconhecido José saramago. Infelizmente a morte não cessou funções para com saramago, tendo ele falecido em 2010, mas ainda assim deixando para trás um legado enorme de obras, entre as quais As Intermitências da Morte.”

Nuno Alves, 11º CT3




"E no dia seguinte ninguém morreu". É com estas palavras que Saramago inicia uma das suas mais desconcertantes obras, quer a nível político e religioso como a nível humano. A complexidade deste pequeno romance centra-se no facto da morte subitamente ter suspendido a sua atividade, num país em muito parecido com Portugal. Saramago leva o leitor numa estonteante viagem, utilizando um tom de humor absolutamente sarcástico, aliando a emoção à sátira numa história em que a morte é a personagem principal. A sua angústia e o seu inconformismo levam-no a apresentar-nos uma série de consequências  da premissa inicial, recorrendo por isso a toda a sua mestria e usando raciocínios, comentários sarcásticos e reflexões filosóficas e humanas dadivando o leitor com uma obra admirável e soberba.

                                                    Sandra Pinheiro, 11º CT2



Este é um dos livros verdadeiramente especiais que espera por ti aqui, na tua Biblioteca! 

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