terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O Adolescente. Por Débora Gonçalves, 12º CLH2


A realidade que nos engloba, pequenos homens e mulheres, numa preparação instintiva para a inconveniente prova de vida instala-se nas partículas sensíveis dos corpos sujeitos à expectativa de um futuro dogmático. A perceção adquirida do meio envolvente comove intrinsecamente os que se acreditam inadaptados à realidade. Ser adolescente requer sapiência e equilíbrio para tornar possível o convívio direto com emoções díspares e concretas na intensidade e no desgaste que podem provocar. Quando se atravessa e supera a pequenez do tamanho e se adquire uma estatura social que exige pouco mais do que a resposta aos estímulos comuns e à receção da educação globalizada pela necessidade de formar, no sentido literal, futuros seres dedicados ao profissionalismo que a sobrevivência coletiva exige, desvaloriza-se a peculiaridade das almas voltadas para a esfera impalpável da sensibilidade. Ser adolescente é muito mais do que a sugestão ajustada a uma definição. É, para além de qualquer evidência, a particularidade de ser-se único e de cada um depositar no mundo a fantasia próxima de um esboço da possível verdade. Não mais nos encontraremos diante a nossa própria individualidade para a vermos e questionarmos como quando se é menor para se ser considerado jovem. A indagação caraterística do momento perpendicular ao fluir cronológico de uma maturação física e intelectual apraz um sentido de si periférico a qualquer outra personalidade. O homem torna-se um ser melhor se for adolescente, e caso essa curta estadia no “armário” lhe permita verificar que o caráter está na forma como os olhos encaram e se servem da realidade. Os adolescentes possuem para além da responsabilidade de se tornarem futuro, a oportunidade única de serem os amantes sensíveis dos momentos únicos que vivem. As primeiras derrotas sobrevalorizam as primeiras vitórias, e a sucessão de relações intimidam os medos iniciais e a perda momentânea do equilíbrio pessoal. A possível imaturidade revelada perante uma infinidade de reações plausíveis e a incerteza em optar parecem ser aceites pela maioria, decorrendo de um eu ainda encoberto pelo inacabado processo de criação individual. Tudo é respeitado quando o maior medo é o de um amanhã fundado na conceção arbitrária da provável realização material de um corpo intimidado pelas vozes mundanas. O adolescente é, para além da expetativa nele depositada, um ser que aprende a pensar, que sente e sofre intensivamente uma dor surreal e desnecessária mas fundamental para a incrível aventura do ser consigo. Encontrar-se com pouco mais de década e meia de vida possuindo a particularidade de saber pouco do que se é desvela uma aventura um tanto utópica mas profundamente emocionante ainda que por vezes a emoção transborde sem sentido linear. O enriquecimento e o disfrutar da prontidão enérgica dos passos e da pressa em ser-se algo caraterizam a feliz realidade metamórfica de um ser humano em ebulição. O adolescente é o mais rico dos seres que sente porque vive a profundidade de toda a emoção que se lhe afigure.   

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