sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Robin Williams (1951-2014)

                     

É a morte de um dos "comediantes mais explosiva, exaustiva e prodigiosamente verbais que alguma vez viveram", escreve A. O. Scott no New York Times. 
Nascido em Chicago era gorducho, criança solitária, a brincar sozinho com os brinquedos no quarto do subúrbio, um antecedente típico para a futura energia, sede de atenção e ansiedade que marcariam os seus papéis no cinema e, nos seus inícios de actor, nos palcos da stand up comedy. Onde disparava para todos os assuntos “fracturantes”, da política, da sociedade, da cultura, incendiando estrelas de Hollywood, presidentes, príncipes - “Chuck, Cam, que bom ver-vos”, gritou um dia de um palco londrino a Carlos de Inglaterra e Lady Camilla Bowles; apoiante de Barack Obama (“um Kennedy muito bronzeado”), quando George W. Bush saiu da Casa Branca, Williams anunciou a saída oficial da América "do centro de reabilitação.” (O que iria Bush fazer na sua nova vida? “Bom, não pode seguir uma carreira de discursos públicos. Isso ele não pode fazer... Mas pode fazer stand up comedy, porque tem oito anos de material incrível para usar".) 
A série televisiva Mork & Mindy, na qual assumiu a personagem do extra-terrestre Mork, foi o estrelato instantâneo e o passaporte para as personagens principais em cinema, como Popeye de Robert Altman (1980) e The World According to Garp (1982), de George Roy Hill.
Bom-Dia Vietname (1987), de Barry Levinson, como locutor de rádio em Saigão e o Clube dos Poetas Mortos (1989), de Peter Weir, como professor, nos anos 50, que incita os alunos (Carpe diem) a desafiarem os seus tempos e a desafiarem-se.
Foram duas nomeações para o Óscar. Que conquistaria, como secundário, com O Bom Rebelde (Good Will Hunting), de 1997, de Gus Van Sant. Era um terapeuta que ajudava a personagem problemática interpretada por Matt Damon, confirmando-se um arco importante na "narrativa" das personagens que interpretou: começando por desafiar a autoridade, tornava-se ele próprio figura de autoridade, um guru. 
No total, sete dezenas de títulos, mais do que uma mão cheia de Globos de Ouro.
A velocidade, a ansiedade. Para voltar a A. O. Scott, o crítico lembrava segunda-feira no New York Times uma festa no Festival de Cannes, há anos, em que ouviu várias vozes atrás de si, diferentes sotaques, "francês, espanhol, afro-americano", em conversa, tons vários a serem disparados: eram todas vozes de uma só voz, era Robin Williams. 

Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/morreu-o-actor-robin-williams-1666163?page=-1


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